
Até porque o pai envelhece e começa andar lento, devagar, impreciso. Antes ele segurava com força a mão do filho, agora não tem como se levantar sozinho, nem para sair do lugar, hoje suspira, geme, tudo pra ele é longe, antes era disposto e trabalhador, agora fracassa ao tirar sua própria roupa.
Os filhos, não farão outra coisa senão trocar de papel e aceitar que são responsáveis por aquele ser que os ajudou a chegar na vida e agora depende dos filhos para morrer em paz. É por isso que todo filho é pai da morte de seu pai.
Quem sabe, a velhice do pai seja curiosamente o último ensinamento a seus filhos, e a fase para devolver os cuidados que receberam ao longo de décadas, o momento de retribuir o amor e o carinho e alterarem a rotina das suas vidas para cuidar dos seus pais, e uma dessas alterações acontece no banheiro, onde irão colocar uma barra no box do chuveiro. Essa barra é emblemática e simbólica, o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de seu pai.
O envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, é subir escadas sem degraus, é ser estranho em sua casa, tudo lhes causa pavor, dúvida e preocupação. Os filhos logo irão pensar: "Como não previ que os pais adoecem e precisam de mim?
Feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia, tudo o que um pai quer saber no fim de sua vida é que seu filho está ali.
®Jorge Bessa Simões
(Baseado em Texto de Autoria Desconhecida)
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