Penso que quando escrevo, mesmo no silêncio da solidão que me assola, expondo o que me escarnece o coração e sangra minha alma, é possível que muitos não serão capazes de perceber o que sinto e quanto a isso não sei o que dizer.
Busco me inspirar no agora, são minhas lembranças que mais inspiram, as vezes busco tomar emprestado nas palavras que ouço uma inspiração diferente, mas nada parece funcionar quando meu coração grita, minha alma entra em convulsão e minha mente perdida vaga sem rumo e sem sentido.
Então escrevo sobre o que flutua ante meus olhos e o que acontece a minha volta, não importa, as palavras entram na minha vida de uma maneira que o que sinto vai se tornando linhas escritas do que vivo ou já vivi, assim caminho sobre a terra tentando tirar das minhas experiências lições que possam ensinar ou me mostrar como é viver, por isso me exponho, as palavras correm livres pois elas amam e me ensinam a amar.
Desta forma, abro meus olhos para o mundo e deixo iluminar meu coração e minha alma com uma alegria triste e uma triste alegria que se torna visível a olho nu, é quando meu peito se torna livre para que meu coração possa sentir que daqui há 100 anos, na verdade, envelheci num único dia.
Quem sabe quando entenderem o que escrevo, ao menos alguns possam aprender a dar valor as coisas das quais mal olhavam antes, mas ai, já terei ido embora da mesma forma que vim ao mundo, de repente, e ninguém me ouvirá se acaso chorar.
Acreditem, não é fácil querer voar alto sem alguém para me segurar no chão, já que ao descrever meu desespero profundo, muitos não compreendem o que vai em meu coração, talvez por isso creio que meu lugar é num buraco aberto no chão.
®Jorge Bessa Simões
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