quarta-feira, 24 de abril de 2024

*"Não serei um guerreiro vencido" (Poema)

Sinto-me distante dos meus momentos, logo não farei mais parte da realidade daqueles que me cercam, meu cérebro convulsiona em nebulosas explosões, minhas células se despedaçam em milésimos de segundos, meus tecidos envelhecidos se tornam sobras da carcaça humana que me reveste, sinto que a cada segundo que passa estou morrendo.
Vou vivendo fazendo parte deste mundo, mas logo este complexo corpo humano será postado para a indignidade do adeus e dos sonhos não realizados.
Cada dia que passa vou caindo na acomodação resignado do vulcão que fui um dia, hoje só resta uma pequena parte bioquímica de uma fogueira que logo se tornará uma centelha que em algum momento se apagará para sempre.
Minha utilidade física deixará de ser escravizada por esse corpo, meu intelecto se torna submisso ao inconsciente coletivo do meu próprio eu, perdido numa mistura de lucidez e loucura.
Caio ao meus próprios pés como um guerreiro vencido pelos anos que vivi, atingido pelas setas da hipocrisia e arrogância de alguns por causa da minha existência.
As armas e a armadura da minha sobrevivência se tornam pesadas para carrega-las, minhas defesas entram em conflito com minhas próprias incertezas, sinto-me um ser subjetivo a tudo isso.
Como homem consciente sei que estou sendo vencido pelo tempo, percebo nas expressões do universo que os laços que me uniam logo me farão sangrar entre a razão e o instinto, então partirei convicto de que se cheguei até aqui enfrentei dois monstros que agora sangram, o medo superado e a morte que me leva.
Em breve não mais irão me espreitar, sei que logo virá meu Salvador trazendo as bênçãos de nosso Deus Pai que poderá me levantar dentre os mortos adormecidos, então com certeza não serei um guerreiro vencido.

®Jorge Bessa Simões

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*Foto Arquivo Google Imagens.
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