*"O menino daquela janela" (Poema)

Ainda criança diante de uma janela imaginava como poderiam ser as coisas lá fora, já que eu vivia um pesadelo de incertezas e rejeição, acreditava poder encontrar novas possibilidades diante das escolhas que a vida me apresentava, imaginava encontrar a felicidade que não havia vivido, mas minhas escolhas poderiam me fazer ganhar ou perder, quis crer que não tinha outras opções, com isso aprendi que não viveria sem escolhas e por isto não sabia se a vida seria atraente ou não, as vezes fui forçado a fazer certas escolhas mesmo não sabendo se iria acertar ou errar.
Quando fiz minhas escolhas, certas ou erradas, optava por algo que naquele momento acreditava que poderia mudar minha vida, pouco importava os efeitos a longo prazo, naquela época me lembrava de um ditado que dizia "a vida é curta para tentar agradar cada idiota que pensa que sabe como se deveria agir", mas acabei por me esquecer de ser previdente e menos imediatista, só depois de alguns anos aprendi que entre o certo e o errado existem diferentes formas de se encarar a vida.
Poderia ter evitado escolhas movido pelo desejo de agradar a mim mesmo e acima de tudo precisava estar consciente de que tudo que fizesse iria afetar não só a mim, mas iria afetar a vida daqueles que poderiam me amar de verdade, mesmo que alguns tenham me abandonado nos piores momentos da vida.
Por outro lado nenhuma pessoa, por mais que me quisesse bem, poderia viver minha vida, e os que me amavam de verdade não iriam me impor suas próprias ideias, porém, poderiam ter me ajudado a compreender melhor minhas escolhas para que eu evitasse tantos sofrimentos a mim e a outros.
E por mais que eu quisesse ser autêntico nessas escolhas, deveria ter aprendido que daquela ousadia, teria que assumir as consequências que elas iriam me causar, já que não poderia culpar ninguém pelo preço que acabei pagando sobre cada escolha que fiz, mesmo sendo um menino que imaginava a vida olhando por uma janela.

®Jorge Bessa Simões

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