Mas tudo mudou, você não está mais por perto e eu mudei, como queria que sentisse orgulho do que me tornei e ver de novo a alegria no seu rosto, que você estivesse aqui com seu sorriso largo e seus olhos que tinham um brilho profundo.
Ainda imagino a gente juntos como companheiros para todas as horas fosse nos momentos bons, ruins, tristes, felizes, alegres e em todas as broncas e castigos por ficarmos acordados a noite inteira, lembrando das travessuras do dia, de quando íamos a escola para quebrar as regras nas brincadeiras de queimada, das pipas empinadas ou jogando taco, descendo a ladeira da rua num carrinho de rolimã, das árvores escaladas na busca das frutas maduras e de como corríamos das abelhas para dentro do riozinho que passava perto de casa, quantas vezes construímos castelos com tijolinhos de madeira só para derruba-los.
Dávamos de durões, brigávamos para nos defender como irmãos, quantas vezes jogamos bola debaixo da chuva e enlameados levávamos puxões de orelhas e depois riamos como dois moleques sapecas, no outro dia voltávamos para brincar na rua até o por do sol, quantas saudades da nossa velha infância.
Meu irmão, como gostaria de tê-lo como meu parceiro e companheiro lembrando dos tempos em que dormíamos na beliche conversando sobre nossas aventuras, como sinto por não ter te dito mais "Boa Noite, mano!".
Embora você tenha ido dormir, (na morte) há muito tempo, quero crer que você na verdade só foi cochilar até o dia em que nos reencontraremos de novo, sinto não ter cuidado de você quando mais precisou e agora só me restam suas lembranças, como queria você aqui meu irmão e que tivéssemos mais tempo juntos.
®Jorge Bessa Simões
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