domingo, 20 de abril de 2025

*"Pai é quem cria" (Poema)

Não... ele não era meu pai, mas ele entrou na minha vida quando eu já tinha nascido, e eu não sabia da diferença entre um pai biológico e um pai adotivo.
Mas foi com o passar dos anos que passei a compreender isso melhor, foi ai que eu entendi que o primeiro pai nem me conheceu, e foi o segundo pai, depois que entrou nas nossas vidas, que me tratou como um filho.
O segundo pai, conheceu você mãe, quando eu já havia chegado, mas ele não se importou e quando percebi, ele foi se tornando um pai para mim, e de repente ele me envolveu, me abrigou, cuidou dos meus passos, me procurou, e quando cresci, ele me disse que eu tinha um amigo nele.
Foi quando um dia por engano, ouvi você mãe, dizer que ele não era meu pai verdadeiro, fiquei surpreso, mas não incomodado, eu nem reclamei por isso, pelo contrário, fiquei grato!
Foi assim que passei a compreender que no meio de tanta dor quando você mãe foi deixada sozinha, ela assumiu um risco, e foi assim que a conhecer uma figura paterna.
E embora não tenhamos o mesmo sangue, um vínculo mais forte passou a nos unir, logo outros irmãos foram chegando, mesmo assim esse segundo pai nunca me tratou de forma diferente.
Algumas vezes ele era travesso como as crianças, mas era amoroso igualmente com todos os seus filhos e comigo também, ele nos amava sem distinção, foi assim que aprendi a ver ele como se fosse meu pai de verdade.
Com o tempo entendi, ou melhor, aprendi que nem todos homens ousam assumir uma responsabilidade desta magnitude, porque um filho é uma benção, mas também é uma preocupação e depois tem a manutenção e a educação dessa criança, que mesmo não sendo seu filho, mas que estando sob sua guarda, merece toda sua atenção, porém, nem todos os homens assumem esse papel.
Um dia, você minha mamãe me disse: "Gostaria de conhecer seu verdadeiro pai?", e eu respondi: "Já conheço meu verdadeiro pai! Quanto aquele que me gerou, mas que em nenhum momento esteve comigo quando mais precisei, pode dizer a ele que, "Sem ele, estou muito feliz, já não preciso mais do seu amor!".
Diga a ele, minha mãe, que "o título de pai é muito grande para ele", a propósito, se você o ver, diga a ele que "não posso amá-lo, embora sim eu o perdoe."
Porque sabe minha mãe, "uma das coisas que meu pai de criação ensinou é que, embora ele seja seu marido e não é o meu pai verdadeiro, eu tinha uma escolha, "poderia até chamá-lo pelo seu nome, desde que o respeitasse."
Então eu compreendi, por tudo que ele nos fez, que poderia o chamar de Pai..., porque é isso que esse homem se tornou para mim, desde o dia em que ele passou a me criar mesmo não sendo o seu filho de verdade, afinal, pai não é o que gera, pai é quem cria!

®Jorge Bessa Simões

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*Foto Arquivo Google Imagens.
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