
Uma criança que teve de aprender a silenciar meu choro, a esconder meus medos, e a fingir que tudo estava bem.
Fui uma criança que tive de crescer rápido, aliás, rápido demais, porque a vida não me deu escolhas.
Hoje me veem forte, sério, mas ao mesmo tempo as vezes estou muito distante, talvez porque dentro de mim ainda exista aquela criança ferida que luta para sobreviver, porém, tudo que essa criança adulta queira é se sentir amada, protegida, aceita.
Talvez por que ainda ela não consiga expressar o que sente, por isso o seu amor mal pode ser expresso em palavras, mas está lá, nos seus gestos, no seu esforço, e até mesmo no seu silêncio.
Sendo assim, não me julguem, mas se quiser, quem sabe possam me abraçar, com jeito, pode me perguntar sobre a minha infância, mesmo que eu não venha lhe contar.
Porque ninguém a conhece como eu, afinal, fui eu que vivi muitas coisas, e o pouco que sabem, não traduz tudo o que fiz antes, e ninguém me ensinou que a dor que trago comigo ou as cicatrizes que me marcam, merecia se curar.
Sou pai, mas também já fui criança, e mesmo sendo um homem hoje, às vezes, eu só preciso que alguém pudesse me olhar com ternura, e que me dissessem: “Está tudo bem, você não está mais sozinho, papai."
Será que irão me entender e compreender que eu também já fui uma criança um dia?
®Jorge Bessa Simões
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