terça-feira, 29 de julho de 2025

*"Acordei meio nostálgico" (Poema)

Ainda outro dia era só uma criança correndo pelo quintal que existiam para se correr. Hoje, parece que os ponteiros do relógio giram muito mais acelerados. Aceleram tanto que o tempo está passando rápido demais levando o que restou da minha juventude.
E assim vai se escoando meu tempo neste mundo, transformando meus sorrisos em fotos arquivadas em um celular ou no notebook, são muitas fotos e poucas molduras, são tantas saudades, porém poucas certezas.
O futuro de que tanto ouvi falar já chegou, o garotinho que eu era e que sonhava com uma moto para viver minha liberdade, agora é um homem que vive enclausurado num corpo envelhecido, amordaçado nas minhas próprias palavras que já não fazem sentido para quem as ouve, e preso entre quatro paredes, já que estou me tornando um empecilho para muitos a minha volta, meus sonhos ficaram pelos caminhos dos anos.
Meus diplomas dizem muito pouco sobre mim e minhas verdades, mas quem sou eu, afinal? Motociclista de terno e sapato, atleta de videogame, cantor de chuveiro, ator de aplicativo, sei lá?!.
Não era isso o que eu respondia quando um adulto me perguntava o que queria ser quando crescer? Será que sonhei alto demais ou me faltou forças para conseguir? Sei lá?!
Acho que acordei meio nostálgico, de repente, veio um turbilhão de lembranças da criança que fui e que não queria crescer, por falar em sonhos, eu devia ter fugido para Terra do Nunca quando tive a chance, mas a culpa não foi minha, foi do Peter Pan, planejei tantas vezes, até deixei a janela do meu quarto aberta, esperando a sombra dele aparecer, mas ele nunca veio me buscar.
Sei lá, vai ver que Peter Pan envelheceu também e casou-se com a Wendy, tiveram filhos, e arrumou um emprego como entregador de moto e agora dividem um apartamento de dois quartos num subúrbio de Londres. Quem sabe? Pode ser.
O que eu sei é que ele não apareceu e eu fiquei por aqui mesmo, acabei crescendo e não aprendi a voar, creio que só me resta ser um pirata, quem sabe o capitão Gancho me aceite em seu navio. Mas eu acho que nem para isso vai dar tempo, tudo passou depressa demais, já estou passando dos 70 anos, meu tempo pode se findar a qualquer momento. Muitos me dizem que já não posso mais correr riscos, não tenho mais idade para sonhar, e o meu tempo pode ser cortado num piscar de olhos.

®Jorge Bessa Simões
(Baseado em Texto de Autoria Desconhecida)

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*Foto Arquivo Google Imagens.
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