quinta-feira, 28 de agosto de 2025

*"Não nasci para ser deserto" (Crônica da Vida)

A indiferença é um sentimento que dói, e dói porque é isso o que acontece quando alguém passa por mim e simplesmente age como não tivesse me visto. E isso se torna ainda mais dolorido, pois muitas vezes é o momento que o meu íntimo está gritando em silêncio, porém ninguém tem o ouvido afinado para ouvir a minha dor.
É por esse e outros tantos motivos que, a indiferença é ainda mais cruel, mas ao menos ela me obriga a sentir alguma coisa, nem que seja a revolta, a incredulidade, é como se uma ferida fosse aberta dentro de mim.
A indiferença se mostra como o desprezo que nos mata em silêncio, é como quem arranca um pedaço de dentro de mim, sem sequer se dar ao trabalho de olhar para trás. E tudo isso não precisa de palavras, não precisa de perguntas, não precisa de nada, porque me deixa no nada.
E por isso que aprendi a engolir meus silêncios, sei bem que não há pergunta possível a quem me nega a condição de existir, sinto que não vale a pena gastar minha respiração com quem me esmaga só com a sombra do olhar.
Desta forma, prefiro guardar minha voz para quem merece a música dos meus dias, prefiro ficar calado diante de quem só sabe me cuspir pedras, até porque não há diálogo possível com pessoas vazias ou que tem um vazio enorme dentro de si.
Sei que o amor que tenho para dar, não pode ser gasto com quem age com indiferença comigo. Sei também que a pergunta que devo fazer não é a quem nega minha presença, mas é a mim mesmo: "Porque demorei tanto tempo para aprender que o meu coração merece muito mais do que a indiferença e o desprezo com que alguns me tratam?". Eu não nasci para ser deserto.

®Jorge Bessa Simões

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*Foto Extraída do Google Imagens.
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