
Mas porque será que isso acontece, já que normalmente em torno de uma mesa é que se reune a família? É simples...
Muitas vezes, nem todos que se sentam em torno dela, ocupam de fato seus lugares, não estou dizendo isso no sentido de estarem sentados nas cadeiras em torno da mesa, mas no sentido de estarem presentes de coração.
E isso acontece porque em muitas famílias há algo que não se diz, mas que todos sentem, por exemplo...
Muitas vezes percebi nessas reuniões em torno da mesa que muitos se escondiam atrás de brindes e risos forçados, e não percebiam porém que, era nesse momento que se instalava uma desordem invisível que transformava o amor que deveria ser motivo de união, em competição.
E assim, quase sempre tem alguém que começa a fazer comparações em vez de abraçar, ou tem aquele que sempre guarda ressentimentos como se fossem troféus.
Desta maneira, o momento que deveria ser motivo de união, faz com que o amor dos que estão à mesa se torne um emaranhado de palavras desconexas e até muitas vezes agressivas, e no instante seguinte tudo para de fluir.
É então que começam os julgamentos: “Você já não é mais tão unido como já foi antes!”
"Ah, você nem vem às reuniões de família."
"Pudera, se acha o melhor mas se tornou um egoísta.”
O que muitos não percebem, mas quando não participo daquela mesa ou vou embora, não me afasto por soberba.
Na verdade me afasto, porque não posso mais segurar o que não é meu, e se outras vezes não participei da mesa, não foi por falta de amor..., foi por respeito próprio.
Muitos não entendem que não posso mais continuar repetindo certos padrões ou que aceite padrões que tentam me impor.
Por outro lado, já me bastam as feridas que tenho tentado curar e que preferem ignorar.
É por isso que me mantenho na distância, embora isso me dói. Porém me dói mais se continuasse ocupando um lugar que não é mais meu. Me dói ficar num sistema que me quebra por dentro.
É por isso, que às vezes, me sento sozinho em outra mesa, até porque esse é o primeiro passo para que eu possa ter espaço e continuar existindo.
®Jorge Bessa Simões
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