quinta-feira, 8 de agosto de 2024

*"Você sabe do outro lado da história de alguém?" (Crônica)

Superando muitas coisas chego ao final da vida trazendo muitas cicatrizes, não só do lado de fora, mas no meu íntimo onde estão as mais doloridas, e que durante anos quase ninguém soube o porque das minhas tristezas e o que me acontecerá.
Na realidade quando sabem muitos franzem a testa ou me julgam por coisas mesmo sem saberem o outro lado da história, poucos se sentaram comigo para me ouvir, e os que ouviram me trataram com desprezo, rejeição ou me julgaram como se eu tivesse culpa do que me aconteceu desde a minha infância, o que me levou a me afastar de tudo e de todos.
Preferi a solidão como companhia a tentar buscar a empatia dos que estavam a minha volta por não compreenderem minha história de vida, o que me causa sofrimento, amargura, dor, tristeza e frustação, se deixassem os pré-julgamentos de lado talvez me entenderiam e isso me corrói.
A vergonha do que me aconteceu desde a infância era tanta que nem mesmo minha mãe soube o que me acontecerá, passaram-se anos até que tivesse coragem de contar a ela do porque suportei tudo longe de todos, por mais que tentasse conviver com as pessoas mais queridas da minha vida.
Ninguém via em meu rosto o horror das minhas lembranças que sempre gritam em minhas noites de pesadelos, acham que meus sumiços era por isso ou aquilo, mas não sabem que era por não suportar as dores que me consumia, já que os julgamentos precede a falta de empatia dos que me cercam.
E a falta de empatia doe e sangra minhas cicatrizes, hoje deixo ao meu lado uma cadeira vazia na espera de que alguém se sente nela e me ouça antes de me julgar ou mesmo que me julgue depois, que saiba me perdoar.
Esta história é real, sei que muitas pessoas estão cheias de cicatrizes, não só as que são visíveis mas as que não se veem e que mesmo assim alguns estão sempre prontos a abri-las com julgamentos por não aceitarem aquilo que não podem ou não querem compreender, infelizmente alguns jamais conseguirão estender as mãos para me ajudar ou abraçar, por possuir cicatrizes como eu, e você?

®Jorge Bessa Simões

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*Foto Arquivo Google Imagens.
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