quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

*"Um sonho que ficou num abril distante" (Poema)

É possível sentir saudades daquilo que não se teve, de alguém com que sonhou e que a morte nos tirou? Devia estar ardendo em febre quando me fiz essa pergunta, acho que estava delirando.
Sonhei vendo você caminhando na minha direção, ouvi sua voz, poderia jurar que você me chamou com ternura, mas ao abrir a porta, nada, não havia nada além do sussurrar do vento.
Percebi que não passava de um jovem apaixonado que foi ludibriado pelas falhas emocionais de um insano coração que sonhava com a mera hipótese do amor e com saudade que crescia a cada dia por você.
Fitei o teto do quarto em completa agitação diante da cruel realidade, não podia te ver, tocar e não iríamos mais trocar palavra alguma, essa era a maior prova que meu coração enfrentava, afinal, conheci teu rosto que me inebriou com seu sorriso.
Minha mente torturada por pensamentos inquietantes, era tudo estranho, mas tinha que ser forte e aceitar que entre nós seria impossível estarmos juntos depois da sua partida desta vida, você nunca mais iria olhar para mim e eu teria que aprender a existir sem você, como uma brisa em um dia quente, só me deixou a saudade.
Queria que essa saudade fosse embora, mas você não me ensinou; como te esquecer, deixei que o tempo se encarregasse de cuidar das minhas cicatrizes e secasse as lágrimas que persistiam em cair, mesmo depois de muito tempo continuo a sentir saudades daquilo que não tive de você, de um sonho que ficou num abril distante.

®Jorge Bessa Simões

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*Foto Arquivo Google Imagens.
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