Eram fraldas dos nenês que um dia ajudei trocar,
E dessas coisas eles não irão se lembrar,
E disso eu bem sei.
Hoje as roupas daqueles nenês,
Estão no varal das minhas lembranças a enfeitar,
Sem que saibam que como pai as ajudei esticar,
Ainda que aquele varal já nem exista mais.
Pensar que troquei as roupas dos nenês,
Que um dia vi nascer,
Foram dos meus filhos que agora os vejo crescer,
Algo que jamais poderia imaginar.
Todos agora estão adultos,
Por isso também espero que,
Eles possam entender as nossas histórias,
Quando as roupas dos seus nenês as lavarem.
Pode ser que nem se lembrem do seu pai,
Já que é da mãe a história que sobressai,
E logo virá o dia em que me vou disso eu sei,
E o que restará de mim para vocês se lembrarem?
Talvez só lhes restem as lembranças,
Dos momentos em que com cada um me zanguei,
Mas saibam que mesmo antes de me compreenderem,
Eu os amava, amei e os amo como meus filhos sempre.
Saibam que desde aquele varal embandeirado,
Com as roupas de nenê de vocês,
Muitos dias, semanas, meses e anos se passaram,
E talvez só eu daquele varal irei me lembrar.
E de seu pai nem lembranças irão restar,
Pois é somente em meu coração,
Que ficou as lembranças das roupas de nenês,
Tremulando nas minhas memórias.
®Jorge Bessa Simões
®Velhas Memórias Poéticas. © 2013-2023
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