terça-feira, 26 de março de 2024

*"Abril dos meus tempos" (Poema)

"Mágoa é o desgosto recolhido cujas marcas transparecem no semblante, nas palavras tristes, nas amarguras e pesar", em muitos abril já falei sobre isso, mas acho que foi pouco.
Está claro que o resultado das minhas expectativas frustradas em relação a mim mesmo e em outras pessoas transparecem num ato de completa infelicidade, por vezes marcadas com cicatrizes profundas que nem o tempo pode apagar.
Quando criança, em algum abril, achei que era o Super Homem, pulei de cima de uma laje, tinha uns 5 anos, e até hoje carrego as marcas daquela loucura, mas me lembro como se fosse hoje, o desespero da minha mãe batendo na porta da vizinha, abraçada comigo com meu braço enrolado num pano e segurando o meu rosto com uma tolha ensanguentada, pedindo socorro.
Não sei porque me lembrei disso agora, mas com certeza marcou profundamente minha mãe, que sempre me acolheu, tenho certeza que ela não ficou magoada, mãe sempre esquece.
Mas existe a imagem adulterada por alguém que demonstra um sentimento desagradável e até um certo ressentimento, quando ao estranho pode gerar compaixão por saber deste relato de infância de algum abril da minha vida, porém não quero ser vítima e nem que sintam piedade, só queria ser compreendido, ainda que seja sobre as lembranças que posso me lembrar.
Não sei se terei outro abril, talvez nem veja outro amanhecer, mas que fosse um novo e belo dia, agradeço a Deus por me permitir existir e por preservar minhas memórias, logo o tempo irá levar tudo isso, afinal tudo passa, assim como os abril dos meus tempos, até as mágoas de algumas pessoas deveriam passar.

®Jorge Bessa Simões

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*Foto Arquivo Google Imagens.
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