terça-feira, 12 de março de 2024

*"Um dia de abril" (Poema)

Tem dias que a gente se sente um pouco menos gente, é um dia daqueles sem graça onde a chuva cai na vidraça, sem pensar vou sentindo o futuro no ar que está carregado, é um dia sutil de um abril sem qualquer filho, pessoas ou amigo do lado, estou sozinho em silêncio, calado e com uma pergunta na mente; "Por que nessa tarde chuvosa o tempo me parece parado?"
Me recordo das profecias, não dos sábios tolos que dizem ver o futuro, mas dos loucos que escrevem no muro, nas teias do sonho remoto, vejo a chama de uma guerra acesa e a fome sentada na mesa e o bêbado com um copo de cachaça na mão, altas ondas vão surgindo no mar, abrem-se os selos de fogo, símbolos do apocalipse que está chegando, onde o mundo irá se acabar um dia.
Estou com um gosto amargo na boca, não da moça que beijei um dia na minha loucura, não que eu seja o homem que das coisas se esquece mesmo quando tudo no mundo e um dá ou desce, certas coisas estão em qualquer profecia.
O mundo irá se acabar com muito fogo e ais, mesmo sendo o mundo dos meus ancestrais, logo irá se acabar essas guerras mortais com aqueles que só querem glórias de um mártir ferido, será como um estrondo e muitos gemidos.
Basta olhar a volta e ver as profecias se cumprindo, o mundo irá se acabar um dia, e talvez, antes de tudo isso acontecer eu me vá com a morte em um dia de abril, talvez, sendo carregado de forma sutil.

®Jorge Bessa Simões

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*Foto Arquivo Google Imagens.
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