quinta-feira, 30 de novembro de 2023

*"Você sabe do outro lado da história de alguém?" (Crônica)

Superando muitas coisas um homem chega ao final da vida trazendo muitas cicatrizes, não só do lado de fora, mas no seu íntimo onde estão as mais doloridas, e que durante anos quase ninguém soube o porque das suas tristezas e o que lhe acontecerá.
Na realidade quando o veem franzem a testa e o julgam por coisas mesmo sem saberem o outro lado da história, poucos se sentaram com ele para ouvi-lo, e os que ouviram o trataram com desprezo, rejeição e o julgaram como se ele tivesse culpa do que lhe acontecerá desde a sua infância, o que o levou a se afastar de tudo e de todos.
Ele preferiu a solidão como companhia a tentar buscar a empatia dos que estavam a sua volta por não compreenderem sua história de vida, o que lhe causa sofrimento, amargura, dor, tristeza e frustação, se deixassem os pré-julgamentos de lado talvez o entenderiam e isso o corrói.
A vergonha do que lhe aconteceu desde a infância era tanta que nem mesmo sua mãe soube o que lhe acontecerá, passaram-se anos até que ele teve coragem de contar a ela do porque ele suportou tudo longe de todos, por mais que tentasse conviver com as pessoas mais queridas da sua vida.
Ninguém via em seu rosto o horror das suas lembranças que sempre gritam em suas noites de pesadelos, acham que seus sumiços era por isso ou aquilo, mas não sabem que era por não suportar as dores que o consumiam, já que os julgamentos precede a falta de empatia dos que o cercam.
E a falta de empatia doe e sangra suas cicatrizes, hoje ele deixa ao seu lado uma cadeira vazia na espera de que alguém se sente nela e o ouça antes de julga-lo ou mesmo que o julgue depois, que saiba perdoar.
Esta história é real, sei que muitas pessoas estão cheias de cicatrizes, não só as que são visíveis mas das que não se veem e que mesmo assim alguns estão sempre prontos a abri-las com julgamentos por não aceitarem aquilo que não podem ou não querem compreender, infelizmente alguns jamais conseguirão estender as mãos para ajudar ou abraçar, àquele que possui essas cicatrizes como eu, e você?

®Jorge Bessa Simões

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*Foto Arquivo Google Imagens.
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