terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

"Meus diários memoriais 2" (Poema)

Numa noite qualquer resolvi que poderia mudar tudo, pensei em pegar meu diário que estava lendo e todos que tinha guardado na estande, os embeber com álcool e acompanhado de um palito de fósforo aceso, atear fogo em tudo numa lixeira do meu quarto, igualzinho aquelas cenas de filme onde o homem de coração partido queima as cartas de uma pessoa traidora.
Após ver tudo virar cinzas, pegaria um novo diário com a capa de couro negro voltaria para a cama decidido que daquela noite em diante ao chegar do trabalho com estresse e exaustão, escreveria sobre como queria que o meu dia tivesse sido ou como havia me interessado pelo trabalho novo, de como gostei por conhecer alguém especial e para onde iria para relaxar um pouco depois do expediente, contaria sobre minhas férias e de como observei uma cidade que achei linda, vista da janela do avião.
Por mais que soubesse que aquilo tudo não havia acontecido de verdade (pelo menos não ainda), me sentiria bem ao imaginar vivendo tudo aquilo, e algum tempo depois, conseguiria sentir o vento gelado batendo no meu rosto na minha ida aos Alpes Suíços para conhecer suas lindas montanhas geladas.
Seria como se os horizontes se abrissem e eu pudesse descobrir coisas novas sobre mim, mas que com todas as frustrações vividas não me permitiram nem ao menos imaginar a infinidade de coisas que existia fora do meu caminho casa-trabalho e que poderia melhorar o meu dia, minha semana, minha vida.
Estava tão acostumado a ter um dia terrível e reviver tudo aquilo antes de dormir ao transferir para o papel o meu dia, que não percebia o quanto aquilo me fazia mal e como estava conformado em passar o resto dos meus dias assim.
Mas agora? Bom, agora não mais, pois se um dia perder a memória por um motivo desconhecido, que ao ler estas páginas eu possa me sentir a pessoa mais feliz e realizada do mundo.
No fundo vou saber que algo daquilo (ou tudo), pode não ter acontecido, mas será como ler um daqueles contos infantis e me imaginar sendo o personagem que terá seu “feliz para sempre” no final do livro, ou melhor, nos meus diários memoriais

®Jorge Bessa Simões

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*Foto Arquivo Google Imagens.
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