domingo, 11 de fevereiro de 2024

*"Escrever é como um parto em sentido poético" (Poema)

Logo será de manhã, sentirei o sol entrar pela janela do meu quarto e um texto em minha mente irá puxar meu lençol, tentarei negociar com o despertador mais cinco minutos de soneca, mas o texto fica irredutível em minha mente despejando palavras em cima de mim.
Textos rebeldes não são seres de boa lida, com ímpeto, jorram um verbete inteiro, não importa onde ou como, o texto que está na minha mente quer existir.
Ao me levantar da cama levo o texto para tomar banho comigo e as palavras ficam soluçando bolhas a manhã toda, já texto dócil gosta de café, por isto, antes de sair de casa, bebo uma xícara com ele, há texto que para sair de mim precisa de silêncio, outro precisa de barulho, tem o que gosta de gargalhadas e se estiver triste, ele não sai de jeito nenhum.
Às vezes saio de casa, pé a pé, para texto nenhum acordar dentro de mim, saio vitorioso, quando nenhum verbo se mexeu, mas quando estou quase chegando na porta uma frase me toma no sobressalto; "Buu, te peguei!".
Ai as palavras tomam minha boca e verbalizo: "Não acredito!" É, acabou minha paz.
Ainda que não seja uma mulher, tem dia que escrever um texto é como um parto, fico de cócoras, ando pela casa, medito, faço dança da chuva, do acasalamento e nada de palavra nenhuma sair, e quando me canso, sem pedir autorização nenhuma, é como se estourasse a bolsa da gravidez e então nasce um poema, uma poesia, seguro-os em meus braços e choro emocionado.
Ter textos dentro de mim bagunça minha vida, nunca tive coragem de gritar com nenhum deles, claro que já me passou pela cabeça que esse "dom" não é bem o melhor que se poderia ter, mas é que tenho sensibilidade aguçada e as palavras descobriram que as escuto, que eu ficava espionando o ritual delas, letra por letra entre as páginas dos livros por ai.
Não sei se por afeto ou por vingança, elas resolveram me espionar também, tem palavras escondidas atrás da cama, dentro das gavetas e escondidas no meu peito.
Espera! Acho que acabei de ouvir uma palavra roncar, opa! Já é quase meia noite, é hora de levar o texto para dormir, boa noite!

®Jorge Bessa Simões

®Velhas Memórias Poéticas. Copyright © 2013-2024
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*Foto Arquivo Google Imagens.
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