sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

*"Meus pesadelos depois daquele abril" (Poema)

Porque quero tanto e não quero nada? Porque se acabar morro e se não acabar morro do mesmo jeito? Porque me entristeço quando me lembro de você e me pergunto como é que fiquei todos esses anos sem te ver? Porque as vezes creio que não aguento esta saudade?
Descubro que ando cansaço, porque amar é uma maratona no sol sem água, e ainda assim, é a única sombra e água fresca que existe.
Pensei, e se no primeiro passo me quebrar inteiro? E se forçar e acabar sem conseguir andar de novo?
Tive medo que você fosse, e foi, um caminhão que me esmagou e me despedaçou na frente de todos, tive medo de ser um saquinho frágil de bolinhas de gude que você ao me abrir, fizesse elas corressem cada uma para um canto do mundo e entrassem pelas valetas do universo e nunca mais conseguisse me juntar do jeito que estou agora.
Tive medo de você abrir o espartilho superficial que me apertava todos os dias para me manter ereto e firme.
Minha angústia me fazia parecer seguro, mas tinha medo de você melhorar minha vida de um jeito que nunca mais pudesse me ajeitar, confortável em minhas reclamações, tinha medo da minha cabeça rolar, meus braços se desprenderem, meu estômago sair pelos olhos, medo de deixar de ser filho, amigo, menino, ser estranho, sozinho, triste, cínico, irônico, chato muitas vezes na verdade, depois de você tinha medo de deixar de ser eu.
Foi assim que sai daquela tragédia para me tornar quem sou, e desde então nunca mais vi você que quase fez parte da minha vida, não fosse a morte que a tirou de mim para sempre.
E ai, tive que reaprender a ser eu sem você para me ensinar a amar novamente mesmo sofrendo com tantas perdas na minha vida depois de você.

®Jorge Bessa Simões

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*Foto Arquivo Google Imagens.
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