sábado, 18 de maio de 2024

*"Neblina outonal 2" (Poema)

Quando sinto o vento passar por mim formando ondas nos tufos de gramas, lembro-me que um dia os meus pés por aqui não mais deixarão as marcas do meu passar.
Recordo-me que ao anoitecer mantinha meu olhar sobre os pirilampos que pintam a noite com seus brilhos, e mais uma vez meus pensamentos passam revivendo meus sonhos neste coração doente.
Talham nas minhas visões a neblina outonal entre as árvores, a lembrança de quando ainda era uma criança que mantinha meus brinquedos escondidos para brincar com minha imaginação.
Que saudades da minha primeira bicicleta, da primeira namorada, do primeiro beijo no escurinho do cinema, saudades de tempos que se perdem na neblina das minhas memórias.
Nessa neblina do meu tempo vivido tão intensamente tudo se esvai a cada dia, deixando-me uma dolorida saudade de tudo e todos, quando me deito viajo por meus sonhos, parece que pulo de estrela em estrela, a terra e a lua se tornam luzes daqueles pirilampos dos meus tempos de infância que ficaram perdidos para sempre na neblina outonal do meu tempo.
Tudo parece flashes a pipocar em minhas memórias entre as imagens das minhas lembranças borradas de azuis, nesse momento parece que estou vinculado à ruína pois sei que logo estarei partindo dessa solidão em que me sinto sozinho.
E ainda que ao longe continue ouvindo o som daquela violinista tentando elevar meu ser com sua música, sei que logo chegará a neblina cinza ou negra que apagarão para sempre essa bruma prateada de um tempo que se esvai dos muitos sonhos distantes, os quais não sonharei mais pois está chegando meu fim.

®Jorge Bessa Simões

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*Foto Arquivo Google Imagens.
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