Me lembrei que tive uma infância difícil, sem o carinhos dos meus pais, distantes dos meus irmãos, tudo por causa da vergonha e do medo de ter tido minha infância roubada e violentada.
Tive uma juventude cheia de necessidades e de surpresas, cheguei viver um ano em uma simples noite, transformei o difícil em fácil, lágrimas em sorrisos e tristezas em alegrias.
Foi longa minha caminhada e embora a solidão fosse a minha companhia vivi perdido nos braços dos meus sonhos, cai aqui e levantei ali, mas nunca deixei de sonhar.
O panorama era o de sempre, tudo igual, parece que eu já havia vivido várias vezes aqueles momentos, meus pés caminharam por becos estreitos e negros, para mim eram caminhos familiar pois muitas foram as vezes que por eles passei.
Entre uma esquina e outra eu dei os meus cochilos me assustando as vezes com a ironia da vida embaixo das marquises que me protegeram do tempo em noites frias.
Agora vejo o sol nascer, só que meu corpo está cansado, mal consigo resistir, logo fecharei meus olhos para nunca mais acordar, sei que naquele momento irão morrer todos os meus sonhos.
Talvez seja numa das curvas do meu caminho final que minha vida se tornará um grande silêncio e de repente, tudo irá escurecer para mim, a vida estará me dizendo adeus, e assim irei terminar ali a guerra que um dia, eu, sem saber o porque havia começado ao nascer, não sei se ganhei, se perdi, mas para mim tudo estará terminado.
Sinto que seja tudo tão inesperado, pois tinha muitas pessoas para abraçar, tantos sonhos para sonhar antes do meu adeus final, mas tenho certeza de que nem tudo se perderá, pois o que eu fiz foi feito com muito amor.
Eu amei vocês, ah, como amei, amei com todo meu amor, amei vocês com o maior amor do meu coração e mesmo nesta hora do meu adeus final, acreditem, eu ainda amo vocês.
®Jorge Bessa Simões
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