Talvez isso explique porque os sorrisos estão cada vez mais raros e sem o poder de contagiar; a impaciência ao invés de brincadeiras e um torturante silêncio onde deveria existir palavras, infelizmente percebemos que as pessoas vivenciam a solidão a dois, olhares vazios, pensamentos dispersos e uma sensação de “tanto faz”.
Muitas vezes o casal insistem em prestar atenção às telas de seus celulares no café da manhã, almoço ou no jantar onde nenhuma palavra sai de seus lábios, na despedida para o trabalho acontece um beijo frio ou na maioria das vezes um simples, tchau!.
Mas o relacionamento é mantido por conveniência, aquele carinho de antes já não existe, passeios a um parque, lanchonete ou praia, é algo tão distante que só acontece em ocasiões "especiais", e assim se abre o caminho para a solidão a dois, a maioria não percebe que já estão sozinhas, apesar de terem uma companhia.
Parece contraditório, mas não é, soa como se as pessoas, com medo da solidão, resolvessem ficar sozinhas juntas, nestes últimos tempos estão se formando uma multidão de almas vazias, corações partidos e mentes desencontradas, muitos se sentem perdidos a sós com seus pensamentos, embora segurem uma mão.
Sonham acordados, mas preferem não falar sobre isso, muitas vezes passam horas tentando saber porque existem pessoas malucas que escrevem poemas ou canções, por causa dessa solidão a dois, as pessoas ficam inconformadas por aqueles que dizem que até o céu muda de cor quando estão amando.
É assim que assistimos relacionamentos começando e terminando, outros tentam se reinventar se apegando em "dias especiais" de um calendário vazio de esperanças, afeto, carinho e amor.
O problema é assistir um relacionamento começar e acabar e ainda assim não aprendermos nada de valioso com ele, e sabe por que não? Porque muitas vezes não estavam unidas em um mesmo propósito, apenas estão sozinhos no mesmo lugar.
®Jorge Bessa Simões
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