Fico a recordar o que tenho guardado nas minhas memórias, tive raiva dos que me machucaram, mágoas dos que me viraram as costas e me deixaram sozinho nos momentos em que mais precisava de um amigo(a), de uma mão estendida, não para me atirar pedras, mas que me ajudassem a levantar, raras vezes ouvi uma palavra de carinho ou incentivo para seguir em frente, mesmo assim agradeço por terem feito chegar onde cheguei.
Tenho arrependimentos por coisas que deixei passar porque coloquei as vontades dos outros em primeiro lugar me esquecendo de mim.
Talvez fique numa cama ou cadeiras de rodas, olhando para o tempo e pensando que: "Poderia ter ido a tantos lugares, mas não saí do meu lugar, ter conhecido pessoas, mas me fechei por dentro (por causa de tantas circunstâncias da vida)".
Posso ter afastado algumas pessoas de mim por ser como fui ou sou, por querer fazer as coisas direito e acabei errando, mas também é verdade que em muitas situações fui mal compreendido.
Estou segurando meus óculos com as mãos trêmulas, tentando enxergar nas imagens embaçadas das fotos antigas os rostos amigos à quem algumas vezes ofereci a minha amizade e hoje não fazem parte da minha vida porque na verdade nunca foram. Será que só enxergarei pessoas que foram mesquinhas e egoístas por ter sido diferente daquilo que queriam que eu fosse?. Será que consigo enxergar a pessoa que queria ter me tornado e não consegui? Não sei!.
Não tenho ciúmes da vida que muitos tiveram ou levam, nem inveja por suas realizações e conquistas, mas espero me sentir realizado por meus filhos serem pessoas honestas e vencedores. Acho bom pensar nisso, até porque não sei até onde vai minha estrada ou em qual curva desse caminho ficarei inerte para sempre, porém de uma coisa sei e tenho certeza, meu tempo está passando e se esvaindo rápido.
®Jorge Bessa Simões
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